ABC da gestação

 

É primordial um acompanhamento regular da gravidez, para assegurar a saúde da mãe e do feto. Comecemos pelas consultas médicas. Existe um certo número de consultas obstétricas obrigatórias ou, pelo menos, extremamente recomendáveis. Outras apenas são aconselhadas ou indispensáveis se for descoberta alguma anomalia durante a gestação.
Após o atraso da menstruação, é importante ir ao médico ou ao ginecologista, a fim de se diagnosticar corretamente o início de gravidez. Aquando desta consulta, o especialista poderá elucidar a futura mãe sobre o seu novo estado: o desenvolvimento da gravidez, as transformações que o seu corpo irá sofrer, os pequenos achaques, etc. Será, igualmente, efetuado um exame clínico-tipo, que inclui pesagem, medição da tensão arterial e observação ginecológica. Finalmente, serão prescritos exames complementares, nomeadamente uma primeira ecografia e análises de sangue.
Posteriormente, o ideal seria uma consulta médica mensal, para um melhor acompanhamento da gravidez. As consultas do 8º e do 9º mês são bastante importantes, dado permitirem avaliar o crescimento intrauterino do feto, bem como eventuais riscos de parto prematuro ou de patologias graves, que necessitem de hospitalização em meio especializado.

ECOGRAFIAS “OBRIGATÓRIAS”

A primeira ecografia deve ser efetuada entre a 7ª e a 12ª semana de gestação. Esta primeira ecografia é sempre rodeada de grande expectativa e emoção, pois permite os pais ver os primeiros contornos do seu bebé e, principalmente, o bater do seu coração.
Graças às medições efetuadas, esta ecografia permite precisar a data do início da gravidez e o seu termo. Visualiza-se, também, a boa implantação do embrião no útero. No final, é entregue à grávida um relatório detalhado sobre o que foi observado, bem como algumas imagens fotográficas. Estes elementos devem ser mostrados ao médico assistente, na consulta seguinte. A segunda ecografia deve efetuar-se entre a 20ª e a 22ª semana. Nesta fase, distinguem-se muito bem o rosto, as mãos e os pés do bebé. Em muitos casos, o sexo também já é visível; por razões éticas, o médico perguntará se os pais desejam ou não conhecer o sexo do bebé e respeitará a sua decisão. Esta ecografia é de capital importância, pois permite um estudo morfológico do feto. Serão efetuadas várias medições, para avaliar o seu crescimento intrauterino. A maioria dos órgãos vitais do bebé são cuidadosamente observados e estudados: cérebro, coração, rins, coluna vertebral, estômago, fígado, etc. A ecografia permite estudar, também, a placenta, o líquido amniótico e o débito sanguíneo da placenta.
A terceira e última ecografia “obrigatória” é feita entre a 32ª e a 34ª semana. O feto ocupa já muito espaço e, por isso, vê-se menos bem. Já se virou e, se tudo estiver bem, a sua cabeça estará para baixo. É efetuado um doppler dos vasos sanguíneos, para assegurar a boa vascularização dos órgãos do feto. É, igualmente, efetuado um estudo morfológico idêntico ao anterior. Se tudo estiver normal, o bebé poderá nascer a partir da 37ª semana. Ecografias intermédias podem, por vezes, ser prescritas se o imagiologista não visualizou bem um órgão, devido à má posição do feto, por exemplo, ou se subsistiu alguma dúvida sobre uma dada imagem.

OUTROS EXAMES

As análises sanguíneas são frequentes durante a gravidez, para pesquisar eventuais pequenos problemas ocasionados pela mesma, como uma anemia – défice de ferro –, por exemplo. A determinação do número de plaquetas sanguíneas é importante para prevenir qualquer síndroma hemorrágica. As análises permitem também a despistagem de certas doenças: hepatite, SIDA, rubéola, toxoplasmose, sífilis, etc. No entanto, esta despistagem é, em muitos casos, efetuada antes de engravidar.
Por último, há que determinar o grupo sanguíneo da mãe, para pesquisa de uma eventual incompatibilidade com o feto. Juntamente com os exames sanguíneos, será pedido um exame da urina, para pesquisa de albumina, de açúcar ou de uma infeção urinária

AMNIOCENTESE

Este exame invasivo é efetuado nas grávidas que corram o risco de transmitir uma doença cromossómica ao seu bebé. Se a mãe tem mais de 38 anos, se estão presentes na ecografia sinais duvidosos ou se existem na família crianças com deficiências cromossómicas, a amniocentese é fortemente recomendada, não obstante os seus riscos.
Efetua-se por volta da 16ª semana, sob controlo ecográfico e consiste em retirar uma pequena quantidade de líquido amniótico, que será posteriormente analisado; os resultados serão transmitidos aos pais 15 dias após o exame. Como já referimos, a amniocentese não é isenta de riscos. Deve, por isso mesmo, ficar criteriosamente reservada às grávidas de risco.

MODIFICAÇÕES DO CORPO

Nos primeiros três meses de gravidez, as modificações do corpo são pouco evidentes, para além de um ainda ligeiro aumento do volume do ventre e dos seios, estes devido à estimulação hormonal: as veias do peito tornam-se mais visíveis e os mamilos também aumentam de tamanho e tornam-se mais escuros. O segundo trimestre de gravidez é o mais harmonioso: a silhueta começa a ganhar uma forma arredondada e bonita. Durante este período, o chamado “pano” da gravidez provoca, muitas vezes, manchas castanhas na totalidade do rosto. Há que ter o cuidado de não apanhar Sol sem proteção adequada, até porque o pano nem sempre desaparece após o parto.
O terceiro trimestre é o menos confortável para a futura mãe, pois o bebé ocupa, nesta altura, bastante espaço. O útero ultrapassa o nível do umbigo, comprimindo o diafragma, o que pode implicar uma pequena dificuldade respiratória, e exercendo, igualmente, uma grande pressão sobre o aparelho urinário, provocando vontade de urinar muito frequente. Até ao parto, o aumento de peso situa-se, normalmente, entre os 8 e os 12 quilos.

CUIDADOS VÁRIOS

Os percursos efetuados de automóvel ou em transportes públicos devem ser de curta duração. A grávida também não deve ficar demasiado tempo de pé: durante as horas de trabalho, deve fazer algumas pausas e procurar trabalhar o mais possível sentada. Certas atividades desportivas devem ser interrompidas, designadamente os desportos violentos ou de combate, o atletismo, o ténis, o mergulho, etc. Outros deverão ser diminuídos, como o ciclismo. Porém, alguns desportos são até bastante aconselháveis, como a natação e a marcha.
Deve aproveitar-se esta ocasião para deixar definitivamente de fumar. Quanto à alimentação, há que seguir os conselhos do médico. Basicamente, este dirá à grávida para fazer uma alimentação equilibrada e nutritiva. O apetite aumenta, mas a mulher deve evitar comer refeições de elevado índice calórico, como batata frita e farináceos, que são de baixo valor nutritivo. É melhor comer refeições frequentes e mais leves. Muitos médicos aconselham suplementos de ferro e ácido fólico, durante a gestação. As relações sexuais podem continuar ao longo da gravidez, a não ser que haja indicação médica em contrário. O desejo sexual pode diminuir durante os primeiros e os últimos meses, mas há muitas mulheres que apreciam as relações sexuais ao longo de todo o tempo.

PEQUENAS PERTURBAÇÕES

Entre os chamados achaques da gravidez, destacam-se os seguintes, por serem considerados os mais frequentes ou inquietantes:

  • Fadiga e vontade de dormir – Estes sintomas notam-se, sobretudo, entre o primeiro e o terceiro trimestres da gravidez. Deve repousar-se o mais possível e tentar dormir a sesta.
  • Enjoos – Não são sistemáticos. Algumas mulheres não os sentem. Surgem durante os três primeiros meses, desaparecendo depois. Para os remediar, deve evitar-se permanecer em jejum durante muito tempo e comer entre as refeições. Se os enjoos provocarem vómitos muito numerosos, deve consultar-se o médico.
  • Obstipação – É frequente, sobretudo, durante o último mês de gravidez, dado que o útero, nesta fase, comprime muito os intestinos. A obstipação pode combater-se de forma muito simples: beber muita água, comer equilibradamente, insistindo nos legumes verdes, nas fibras e nas frutas frescas.
  • Infeções urinárias – São mais frequentes durante a gravidez, em especial durante as últimas semanas.
  • Varizes e hemorroidas – São devidas a uma insuficiência venosa. Existem tratamentos que aliviam eficazmente.
  • Azia – Mais frequente à noite, deve-se a um refluxo gastroesofágico associado à posição horizontal. Existem meios simples para não ter azia: por exemplo, evitar pratos gordurosos, o vinagre e os citrinos. Se isto não for suficiente, deve falar-se ao médico.

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